Estive pensando em algo que acredito que todo homem se depare um dia: na complexidade do ser humano. O pensamento inicia-se (isso mesmo, por conta própria) enquanto lavava pratos. Divagava sobre o quanto é fantástica a diversidade dos exemplares e a profundidade de cada um deles. Durante a reflexão, uma idéia se sobrepôs: o homem vive para relacionar-se. Se notarmos bem, todos (não digo a maioria, digo TODOS) os nossos objetivos são resumidos em uma expectativa de sentimento alheio, mesmo que este desconheça a ação ou o sujeito que a realizou. Nossas alterações de humor também se resumem ao relacionamento e dependem de um outro espécime. Aí me pergunto: poderia um humano viver sem um semelhante ao seu lado? Conseguir relacionar-se com o ambiente, e construir uma relação consigo mesmo que satisfaça o seu “objetivo” existencial? E por que chegamos onde estamos?
A partir do momento em que afirmo que a raça humana tem como objetivo instintivo o relacionamento, todo o resto parece inútil. Em toda a história a direção para onde apontamos e o caminho que traçamos parecem apenas um amontoado de futilidades e a construção de interesses de um ser ou grupo mais evoluído mental ou fisicamente. Este desenvolvimento, que é o mesmo que dá o controle, não pode ser considerado como objetivo da nossa espécie, assim como atribuímos às outras o objetivo da procriação. A partir do momento que possuímos um lado cognitivo desenvolvido precisamos saciá-lo. E assim, além de procriar para perpetuar a espécie, necessitaríamos de nos relacionar para saciar nossa aquisição evolutiva.
O desenvolvimento cognitivo, permitido evolutivamente à nossa espécie não conseguiu ainda – claramente - anular características instintivas, mas não consigo negar a possibilidade de haver um homem que consiga fazê-lo, já que estamos em constante processo evolutivo. Sobra ainda a mim, a contínua incerteza do objetivo humano, apesar da proposta acima. De todas as incertezas resta-me uma convicção: preciso lavar mais os pratos.