segunda-feira, 18 de maio de 2009

To think.



Estive pensando em algo que acredito que todo homem se depare um dia: na complexidade do ser humano. O pensamento inicia-se (isso mesmo, por conta própria) enquanto lavava pratos. Divagava sobre o quanto é fantástica a diversidade dos exemplares e a profundidade de cada um deles. Durante a reflexão, uma idéia se sobrepôs: o homem vive para relacionar-se. Se notarmos bem, todos (não digo a maioria, digo TODOS) os nossos objetivos são resumidos em uma expectativa de sentimento alheio, mesmo que este desconheça a ação ou o sujeito que a realizou. Nossas alterações de humor também se resumem ao relacionamento e dependem de um outro espécime. Aí me pergunto: poderia um humano viver sem um semelhante ao seu lado? Conseguir relacionar-se com o ambiente, e construir uma relação consigo mesmo que satisfaça o seu “objetivo” existencial? E por que chegamos onde estamos?


A partir do momento em que afirmo que a raça humana tem como objetivo instintivo o relacionamento, todo o resto parece inútil. Em toda a história a direção para onde apontamos e o caminho que traçamos parecem apenas um amontoado de futilidades e a construção de interesses de um ser ou grupo mais evoluído mental ou fisicamente. Este desenvolvimento, que é o mesmo que dá o controle, não pode ser considerado como objetivo da nossa espécie, assim como atribuímos às outras o objetivo da procriação. A partir do momento que possuímos um lado cognitivo desenvolvido precisamos saciá-lo. E assim, além de procriar para perpetuar a espécie, necessitaríamos de nos relacionar para saciar nossa aquisição evolutiva.


O desenvolvimento cognitivo, permitido evolutivamente à nossa espécie não conseguiu ainda – claramente - anular características instintivas, mas não consigo negar a possibilidade de haver um homem que consiga fazê-lo, já que estamos em constante processo evolutivo. Sobra ainda a mim, a contínua incerteza do objetivo humano, apesar da proposta acima. De todas as incertezas resta-me uma convicção: preciso lavar mais os pratos.



3 comentários:

  1. Books, bands and thinks.





    Tô começando a acreditar que Nietzsche lavava muitos pratos...

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  2. Concordo que o relacionamento com seres semelhantes seja uma das bases de sustentação de nós humanos, porém não compartilho a idéia de que "os nossos objetivos são resumidos em uma expectativa de sentimento alheio".
    Acredito que os objetivos da maioria estejam muito mais próximos da satisfação individual. Talvez ela esteja intimamente ligada com a nossa necessidade de que as pessoas com quem nos relacionamos nos aceite, porém não deixa de ser um desejo meramente individual.
    Bom texto, talvez tenha que repensar o nome do blog, como foi sugerido.

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