quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cem anos de solidão

De Gabriel Garcia Márquez, "Cem Anos de Solidão" (1967) é uma obra prima da literatura moderna que conta a história da mítica Macondo, e da descendência dos seus fundadores, os Buendía, por um século. Livro com grande repercussão em todo o mundo, é sem dúvida o principal responsável pelo Prêmio Nobel de Literatura dado ao autor quinze anos mais tarde.

Adepto ao realismo mágico (também chamado de realismo fantástico), Gabriel Garcia Márquez transforma "Cem Anos de Solidão" em um expoente dessa escola literária. Juntamente com Jorge Luiz Borges, Julio Cortazar e alguns outros, representa a América Latina nesse estilo. No Brasil José J. Veiga é o principal representante. O italiano Ítalo Calvino consagraria-se mais tarde com várias obras do gênero.

O livro mescla magia e realidade de forma extremamente convincente, dando ao leitor a agradável sensação de viver um mundo onde limites são inexistentes e as possibilidades infinitas. A fantasia presente em toda a obra é construída com tamanha verossimilhança que ás vezes torna-se difícil distinguir o que não é real ou possível daquilo tudo. Abaixo alguns trechos marcantes dentre inúmeros, dessa obra que certamente é uma ótima indicação para qualquer leitor.

"Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e à esquerda, virou um ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.
- Ave Maria Puríssima! - gritou Úrsula."

“Deslumbradas com tantas e tão maravilhosas invenções, as pessoas de Macondo não sabiam por onde começar a se espantar. Indignaram-se com as imagens vivas que o próspero Sr. Bruno Crespi projetava no teatro de bilheterias que imitavam bocas de leão, porque um personagem morto e enterrado num filme, e por cuja desgraça haviam derramado lágrimas de tristeza, reapareceu vivo e transformado em árabe no filme seguinte. O público, que pagava dois centavos para partilhar das vicissitudes dos personagens, não pôde suportar aquele logro inaudito e quebrou as poltronas. O alcaide, por insistência do Sr. Bruno Crespi, explicou num decreto que o cinema era uma máquina de ilusão que não merecia os arroubos passionais do público. Diante de desalentadora explicação, muitos acharam que tinham sido vítimas de um novo e aparatoso negócio de cigano, de modo que optaram por não mais voltar ao cinema, considerando que já tinham o suficiente com seus próprios sofrimentos para chorar por infelicidades fingidas de seres imaginários”.

“...o Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade...”

Prêmio nobel de 1982.

''Pelas suas novelas e histórias curtas, nas quais a fantasia e a realidade são combinadas, por forma a integrar um mundo pleno de magia e imaginação''

4 comentários:

  1. O último trecho é o mais bonito...o livro é uma vida que a pessoa que lê adquire, uma vida mágica!!!Todos os livros dele são no mínimo bons, boa dica!!!

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  2. nem li, mas pelo título.. pelo autor.. e por indicação de sacolinha.. pode ler que vale a pena! rsrs

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  3. "..dando ao leitor a agradável sensação de viver um mundo onde limites são inexistentes e as possibilidades infinitas." Apesar de não ter completado a leitura da obra, tenho que concordar! :) o blog ta ótimoo! :**

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  4. Concordo com vc glenia, desde aquela audiencia, fiquei curioso, beijo, vinnieribeiro@hotmail.com

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