Adepto ao realismo mágico (também chamado de realismo fantástico), Gabriel Garcia Márquez transforma "Cem Anos de Solidão" em um expoente dessa escola literária. Juntamente com Jorge Luiz Borges, Julio Cortazar e alguns outros, representa a América Latina nesse estilo. No Brasil José J. Veiga é o principal representante. O italiano Ítalo Calvino consagraria-se mais tarde com várias obras do gênero.
O livro mescla magia e realidade de forma extremamente convincente, dando ao leitor a agradável sensação de viver um mundo onde limites são inexistentes e as possibilidades infinitas. A fantasia presente em toda a obra é construída com tamanha verossimilhança que ás vezes torna-se difícil distinguir o que não é real ou possível daquilo tudo. Abaixo alguns trechos marcantes dentre inúmeros, dessa obra que certamente é uma ótima indicação para qualquer leitor.
"Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e à esquerda, virou um ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.
- Ave Maria Puríssima! - gritou Úrsula."
“Deslumbradas com tantas e tão maravilhosas invenções, as pessoas de Macondo não sabiam por onde começar a se espantar. Indignaram-se com as imagens vivas que o próspero Sr. Bruno Crespi projetava no teatro de bilheterias que imitavam bocas de leão, porque um personagem morto e enterrado num filme, e por cuja desgraça haviam derramado lágrimas de tristeza, reapareceu vivo e transformado em árabe no filme seguinte. O público, que pagava dois centavos para partilhar das vicissitudes dos personagens, não pôde suportar aquele logro inaudito e quebrou as poltronas. O alcaide, por insistência do Sr. Bruno Crespi, explicou num decreto que o cinema era uma máquina de ilusão que não merecia os arroubos passionais do público. Diante de desalentadora explicação, muitos acharam que tinham sido vítimas de um novo e aparatoso negócio de cigano, de modo que optaram por não mais voltar ao cinema, considerando que já tinham o suficiente com seus próprios sofrimentos para chorar por infelicidades fingidas de seres imaginários”.

“...o Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade...”
Prêmio nobel de 1982.
''Pelas suas novelas e histórias curtas, nas quais a fantasia e a realidade são combinadas, por forma a integrar um mundo pleno de magia e imaginação''
O último trecho é o mais bonito...o livro é uma vida que a pessoa que lê adquire, uma vida mágica!!!Todos os livros dele são no mínimo bons, boa dica!!!
ResponderExcluirnem li, mas pelo título.. pelo autor.. e por indicação de sacolinha.. pode ler que vale a pena! rsrs
ResponderExcluir"..dando ao leitor a agradável sensação de viver um mundo onde limites são inexistentes e as possibilidades infinitas." Apesar de não ter completado a leitura da obra, tenho que concordar! :) o blog ta ótimoo! :**
ResponderExcluirConcordo com vc glenia, desde aquela audiencia, fiquei curioso, beijo, vinnieribeiro@hotmail.com
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